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Abarcar o mundo ou abraçar o mar.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

O ÚLTIMO VERÃO EM BERLIN


Os homens com pés de couro marcham como vespas pela Praça do Rei e eu permaneço cego.

Chegou o dia em que nossos dias morreram.

Todos os que ainda possuem juízo esconderam uma arma dentro de seus cômodos secretos e todas as velas foram jogadas no lixo. Os mortos observam atentos e nenhuma casa é segura esta noite.

Só nos resta um ao outro.

Não minto para você, pelo menos não quando falo a verdade, e em nossa última noite juntos, quando o verão em Berlin ameaçava diluir-se como água em minhas mãos trêmulas, eu lhe fui sincero.

Seus olhos negros engoliam a luz da lua, meu bem, e seus cabelos vermelhos atiçavam na terra o fogo da última estrela nua.
Você não poderia ser mais perfeita.

Penso que o fogo possui olhos em algumas ocasiões, e naquela noite a lareira nos observava com insistência.

Enquanto meus dedos dividiam teus seios quentes
Metade com os beijos da boca
Metade com as marcas dos dentes.

Eu entrei em você, minha Rainha, com o ódio que apenas o amor deseja e embora você ame como uma vadia, lhe confesso, você geme como uma garota.

Rainha do Gelo: todo o seu corpo é feito de gotas do Mar
Eu bebo suas lágrimas frias, mas jamais consigo derreter o seu olhar.


DEUS SALVE A RAINHA!

Impresso na gráfica dos Judeus-Sem-Pênis.